Redação para concurso: aprenda agora como fazer a sua e ter sucesso

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A leitura de editais, livros, simulados, jornais e revistas faz parte do dia a dia de preparação de um bom concurseiro. Isso porque algumas provas têm questões que demandam alto conhecimento geral, técnico e específico, e a redação para concurso exige que o candidato coloque toda essa preparação no papel para se mostrar apto a ocupar o cargo pretendido.

Prestar concurso público é a única forma de conseguir ingressar em várias carreiras. Todas elas despertam o interesse de muitas pessoas em busca de maiores salários, jornadas de trabalho menores e mais flexíveis, uma maior previsibilidade da trajetória profissional e, claro, a tão sonhada estabilidade.

Neste artigo, você vai ter uma visão completa de tudo o que precisa saber para fazer uma excelente redação para concurso, tirar uma boa nota e ficar mais perto da realização do sonho de ingressar no funcionalismo público. Daremos várias dicas, desde a organização da estrutura do texto até a revisão. Boa leitura!

A redação para concurso

Nem todo concurso público tem a prova discursiva como parte do processo de seleção. Quando isso ocorre, no entanto, ela costuma ter um peso bem significativo na pontuação final, podendo, até mesmo, definir quais candidatos serão, ou não, aprovados ao fim do processo. Por isso, ao analisar os concursos abertos, veja quais já têm edital publicado e confira se a redação será uma das exigências da prova.

É preciso estar preparado para fazer um bom texto, de acordo com as normas da Língua Portuguesa, sem deixar de atender ao que for pedido na prova. Ainda que não seja necessário ser o melhor escritor do mundo para conseguir obter nota máxima ou próxima dela, essa preparação não vem da noite para o dia.

Conheça os tipos de redação

No momento da prova, o primeiro passo para fazer uma excelente redação para concurso é conceber a proposta do texto a ser feito. Essa proposta é composta por duas partes: interpretar o que está sendo pedido e desenvolver um texto alinhado a isso.

Existem vários gêneros textuais, cada um com suas características, seus objetivos e suas formas de construção. Alguns deles podem ser exigidos em uma redação para concurso público e, por isso, listamos abaixo os mais comuns. Confira!

Texto dissertativo

A dissertação é o tipo de redação mais comum em concursos públicos. De um modo geral, dissertar significa discutir, debater, refletir um determinado tema ou assunto. Esse tipo de redação analisa a capacidade do autor em interpretar, analisar e refletir fatos para, assim, expor opiniões e defender ideias. O texto dissertativo deve, invariavelmente, conter introdução, desenvolvimento e conclusão, mas pode ser expositivo ou argumentativo. Conheça essas variações.

Texto dissertativo-expositivo

O objetivo desse texto deve ser, como o próprio nome sugere, expor informações e dados ao leitor para inteirá-lo do assunto proposto. A ideia é informar e não debater ou apresentar uma opinião. Por isso, a redação dissertativo-argumentativa deve ser imparcial e isenta.

Texto dissertativo-argumentativo

Já nesse caso, o propósito é levantar um debate e defender uma ideia sobre o assunto. Como o nome diz, esse texto precisa trazer argumentos para persuadir o leitor a acatar o ponto de vista que o autor apresenta. Esse ponto de vista é apresentado na primeira pessoa do singular ou na primeira pessoa do plural e utilizando verbos na terceira pessoa para se referir a conceitos já expressos por outras pessoas.

Carta

Embora menos comum em concursos públicos, a carta é um gênero textual exigido em alguns processos seletivos. Nos últimos anos ela vem sendo cada vez mais vista em vestibulares e concursos, então, é bom ficar de olho.

Apesar de parecer algo que remete a costumes antigos, é bem comum identificar uma carta no nosso dia a dia. Ela pode ser representada por opiniões de leitores de jornais e revistas, por exemplo, e também por solicitações ou reclamações a autoridades e empresas.

Quanto à estrutura, a carta deve conter cabeçalho, vocativo inicial, interlocutor definido e assinatura (com uma expressão precedente). Já em relação ao estilo do texto, geralmente, em concursos é pedido o modelo argumentativo.

Carta argumentativa

A carta argumentativa não deve ser confundida com a dissertação argumentativa. Embora os dois textos tenham a intenção de persuadir o leitor a concordar com uma ideia sobre determinado assunto, a carta se dirige a ele de forma direta por meio de verbos no imperativo como “veja”, “pense” e “imagine”.

Texto narrativo

Redações narrativas também são pedidas em concursos públicos, embora em menor frequência do que as dissertativas ou cartas. Esse tipo de texto toma, como base, uma sequência de ações e fatos nos quais um personagem ou mais se envolvem.

A objetivo da narrativa é descrever uma história dentro de determinados tempo e espaço, construindo o texto de acordo com aspectos físicos e psicológicos que devem tomar forma dentro da imaginação do leitor. As variações, por sua vez, ficam por conta dos tipos de narrador, como:

  • narrador-personagem: esse tipo de narrador assume também o papel de participante da história. Por isso, ela é sempre contada em primeira pessoa;
  • narrador-observador: já essa história é contada em terceira pessoa, já que o narrador observa o desenrolar dos fatos de uma forma totalmente isenta e imparcial;
  • narrador-onisciente: apesar desse tipo de narrativa também ser contada em terceira pessoa, aqui, o narrador sabe de exatamente tudo o que se passa na história, incluindo o pensamento dos personagens.

O tema

Agora que você já conhece os gêneros textuais mais comuns em provas de concurso público, é hora de focar no tema da redação. Cada concurso tem um edital e nele são estabelecidos quais critérios serão considerados no momento da avaliação do texto. Geralmente, um desses critérios é a compreensão da proposta de redação. Por isso, é importante seguir algumas dicas.

Conheça o perfil da banca examinadora

Cada concurso público deve ter uma banca examinadora. As bancas são responsáveis pela elaboração, divulgação e organização do concurso, além do julgamento de recursos aplicáveis. Antes de se inscrever, portanto, confira qual será a banca examinadora do concurso que você quer prestar.

Cada uma delas têm características únicas, como o tamanho dos enunciados das questões, a exigência de conhecimento de temas gerais e específicos, os critérios de avaliação dos textos e a política de pontuação. Para algumas, por exemplo, uma questão errada pelo aluno anula uma correta.

Algumas das principais bancas examinadoras são:

  • Cesgranrio;
  • Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (CESPE);
  • Escola de Administração Fazendária (ESAF);
  • Fundação Carlos Chagas(FCC);
  • Fundação Getúlio Vargas (FGV);
  • Fundação Euclides da Cunha (FEC).

Entenda o que está sendo pedido

A interpretação da proposta de produção de texto, como já dissemos, é fundamental para o sucesso de uma redação para concurso. Leia atentamente o texto que precede a proposta, se houver, para conseguir entender o contexto que está sendo abordado. Tenha, também, atenção ao tema da redação, já que ele pode ser extenso e abordar desde assuntos gerais a temas bem específicos.

Fique atento à exigência, ou não, de título na redação e aos números mínimo e máximo de linhas que devem ser redigidas. Pequenos erros podem causar a perda de pontos importantes que podem ser decisivos no resultado final dos candidatos.

Jamais fuja do tema proposto

Tente reunir o máximo de informações, fatos e dados que você conseguir se lembrar sobre o tema, independentemente de qual for. Mesmo que seja uma proposta de redação bem específica, no entanto, não fuja do tema proposto. Se fugir, por melhor que ele esteja, dificilmente terá uma boa nota.

Uma boa dica é ler bastante sobre variados temas e assuntos. Assine jornais e revistas, leia blogs e sites, e fique por dentro de assuntos que não são apenas do seu interesse. Dessa forma, você terá mais embasamento e aptidão para discorrer sobre temas diversos, evitando surpresas negativas no momento da prova.

Seja diplomático

Uma redação para concurso não é o melhor lugar para expor conceitos inflamados, como se fosse um discurso para redes sociais. Serão avaliados pontos como gramática, ortografia, coesão, coerência e a apresentação de ideias embasadas para defesa do autor — no caso das dissertações argumentativas, as mais comuns.

Por isso, não adianta tentar acabar com a violência, erradicar a pobreza no mundo ou discorrer sobre ideias radicais ou impossíveis. É preciso ser diplomático e inteligente para entregar um texto rico, que demonstre a preparação do candidato.

Faça um rascunho

Antes de iniciar, de fato, a redação, faça um rascunho. Coloque no papel tudo o que vier na sua cabeça a respeito do tema proposto e organize essas ideias de acordo com o que foi pedido. Lembre-se de que, quanto melhor o conteúdo que o seu texto tiver, melhor ele será avaliado.

Fazendo um rascunho, as chances de você cometer erros diminuem bastante. Utilize a folha de rascunho ou, se não houver, a parte de trás da prova. É preciso seguir a estrutura padrão do tipo de texto que foi proposto, e é sobre isso que falaremos na dica a seguir.

A estrutura do texto

Como você já viu no início deste artigo, uma redação para concurso pode ter a exigência de tipos textuais que têm características distintas entre si. É preciso ter atenção para não errar na estruturação do texto. Caso contrário, você perderá pontos importantes no momento da avaliação da banca examinadora.

Vamos tomar como exemplo a redação dissertativa argumentativa, que é a mais pedida em concursos públicos. Esse também é o gênero textual pedido na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), por exemplo, e nos principais vestibulares do Brasil. Dada a importância de entender bem como é a estrutura de um texto dessa importância, entenda como construí-lo.

Introdução

A introdução de uma dissertação argumentativa é o momento em que o autor contextualiza o tema proposto com dados, informações e fatos para, posteriormente, sugerir uma abordagem contrária ou favorável sobre o assunto. Essa abordagem é conhecida como tese e deve já estar sinalizada nesse momento, mas ainda não exposta ou defendida a fundo.

Há diversas formas estratégicas de se fazer uma introdução dissertativo-argumentativa. Algumas delas compreendem:

  • a citação de argumentos;
  • a conceituação, a alusão cultural;
  • o uso de dados estatísticos ou oficiais;
  • o uso de exemplos concretos;
  • a contextualização histórica;
  • o uso de flashes e frases nominais, ou seja, aquelas já usadas por outro autor anteriormente.

Seja qual for a estratégia que você preferir utilizar (ou a combinação de mais de uma delas), não se esqueça de ser breve, claro e objetivo, já que o desenvolvimento do texto se dará na próxima parte. Mas também não se esqueça de fazer um breve resumo do que será abordado.

Desenvolvimento

Essa é a parte em que a tese, em si, é explicada e defendida. O ideal é que apenas uma ideia seja articulada ao todo. O autor deve persuadir o leitor a concordar com o que foi sugerido e essa persuasão deve se valer de exemplos, argumentos, causas, consequências e dados.

Outra boa maneira de ampliar o conteúdo no desenvolvimento da redação para concurso é usar o raciocínio lógico, lançando mão de dedução, indução e dialética. Assim, é possível se aproximar mais do leitor, causar empatia e, dessa forma, conseguir atingir o objetivo.

Conclusão

O fim da dissertação argumentativa deve ser anunciado com um conectivo conclusivo, como “sendo assim” e “percebe-se, então”. Essa parte do texto deve dialogar com a introdução e o desenvolvimento, sem contradições ou perdas de sentido. É essa coerência de ideias que pode ser garantida graças ao rascunho feito antes da redação.

A argumentação

A apresentação e a defesa de argumentos são pontos muito importantes considerados pela avaliação da banca de um concurso. Por isso, é preciso estar preparado e habituado a realizar esse tipo de construção textual. Essa é uma técnica que só se aprende na prática, portanto, treine bastante.

Até aqui você já deve ter percebido que muito dificilmente será possível tirar uma nota alta na redação para concurso público sem um bom preparo. Por isso, a seguir, listamos dicas fundamentais para conseguir fazer uma boa argumentação, principalmente em redações dissertativas.

Apresente uma boa solução para o problema

O autor de uma boa redação dissertativo-argumentativa traz uma saída viável para o problema exposto na proposta. É necessário trazer uma reflexão válida acerca do tema e que vá sempre a favor da dignidade humana.

Portanto, ideias radicais, inflamadas ou extremas demais não serão bem vistas pela banca. Pelo contrário: algumas delas costumam zerar textos considerados ofensivos ou preconceituosos. Já pensou tomar posse um candidato que é contra os Direitos Humanos?

Essa parte deve ser trabalhada, principalmente, na conclusão do texto, que é quando o autor resume o que foi proposto e finaliza a exposição de argumentos. Mesmo que você não seja especialista no tema proposto, trate-o com seriedade e maturidade, refletindo sobre ele de forma clara e humanizada.

Cuidado com as teses ingênuas

Por outro lado, lançar mão do otimismo de maneira exagerada também não é a melhor tática para construir uma boa redação dissertativa. Apresente ideias plausíveis e defenda com argumentos reais, já que, muito provavelmente, você estará diante de um problema social que causa danos a um ou mais grupos.

Tenha conteúdo

Logo em seu início, um bom texto já prova, por si só, que tem o embasamento necessário para fazer o leitor acreditar no que o autor está dizendo. Isso só é possível se o autor tiver uma boa base de conhecimento sobre o assunto tratado. A falta de conteúdo, no entanto, também pode ser percebida logo na introdução. Por isso, como já foi dito, estar informado sobre diversos assuntos, não apenas aos que são diretamente relacionados ao que você gosta ou quer fazer, é fundamental.

Busque conceitos, dados, autores e o maior número de informações que vão corroborar a sua tese, já que, assim, é possível construir autoridade diante do leitor. Lembre-se de que você deve convencê-lo a concordar com as suas ideias.

Evite generalizações

Uma dissertação argumentativa deve trazer julgamentos, mas sem exageros, generalizações ou simplificações. Por isso, tenha cuidado com estereótipos e ideias pautadas no senso comum. Dizer, por exemplo, que todos os políticos são corruptos ou que todos os alemães são arrogantes, representa bem esse pensamento generalista.

Fuja dos clichês

O uso de frases feitas e usadas de forma massiva, além de não transmitir nenhuma informação relevante para o texto, transmite a ideia de que o autor não tem embasamento para defender sua tese. Se o seu objetivo é surpreender positivamente a banca examinadora, fuja de clichês e seja original na sua redação para concurso.

Gramática e ortografia

Além da apresentação de ideias claras, válidas e bem defendidas pelo autor, uma boa redação para concurso deve seguir as regras de gramática e ter uma ortografia impecável. Cada banca examinadora atribui um peso para cada erro cometido, mas todas elas punem o candidato que comete falhas desse tipo.

Por isso, é importante ter conhecimento das regras gramaticais, conhecer bastante a Língua Portuguesa e ter domínio do texto. Para ajudar, listamos algumas dicas para não errar.

Conheça o seu idioma

Todo candidato que presta concurso público sabe bem que o nosso idioma não é o mais simples ou fácil de aprender. A Língua Portuguesa tem muitas regras e particularidades, e é fundamental ter ciência de todas elas para se comunicar corretamente.

A única maneira de alcançar essa ciência, por sua vez, é lendo bastante. Tanto a bibliografia especializada (como dicionários e livros de gramática) quanto quaisquer outros gêneros textuais são bem-vindos. Sabemos que é praticamente impossível se lembrar de todas as normas e regras na hora da prova, como regência e uso de crase, mas, quanto mais próximo você conseguir chegar desse domínio, melhor.

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa está em vigor desde 2009, mas, até hoje, muitas pessoas desconhecem as principais mudanças que foram provocadas por ele. O Acordo foi assinado por países onde o idioma oficial também é o Português, justamente com o objetivo de unificar e simplificar a Língua, tornando mais fácil a comunicação por meio da escrita e leitura.

Respeite a norma culta

Além do domínio da Língua Portuguesa, uma boa redação para concurso deve demonstrar o domínio que o candidato tem da norma culta. Por isso, não basta apenas decorar as regras: é preciso colocá-las em prática. Erradique o uso de gírias e abreviações utilizadas no dia a dia e na linguagem virtual e, se estiver em dúvida sobre uma palavra, busque um sinônimo.

Evite frases muito compridas

Ao tentar levantar argumentos para defender suas ideias, muitos candidatos utilizam frases muito extensas. Essa prática, além de tornar a leitura cansativa, pode causar a penalização com perda de pontos importantes. Por isso, seja claro e conciso para que o leitor tenha uma experiência fluida e positiva.

Evite repetições

Tenha atenção para não acabar repetindo as mesmas ideias ou palavras ao longo do texto. Repetições, além de empobrecerem o seu texto, vão passar a impressão de que o seu vocabulário, assim como o seu conhecimento sobre o tema proposto, é limitado.

Em concursos cada vez mais difíceis e concorridos, é a junção desses pontos básicos que vão garantir que você se destaque dos demais e consiga uma nota mais alta.

Use conectores

Conectores são palavras que ligam orações e devem ser usados durante todo o texto para deixá-lo mais “amarrado”. Sem eles, as frases ficam soltas e a redação faz menos sentido. Por isso, saiba usá-los na maior variedade possível, evitando repetições, vícios de linguagem e buscando fazer um texto que proporcione uma leitura agradável.

Releia seu texto

A última dica, mas não menos importante, é sobre a revisão do seu texto. Dar uma segunda, terceira, quarta olhada no que foi escrito aumenta as chances de encontrar algum erro ou de melhorar algum trecho da sua redação para concurso. Evite que erros comuns e bobos tirem pontos preciosos que podem fazer você conquistar a tão sonhada vaga.

Prestar concurso público é, muitas vezes, um teste que vai além do conhecimento do candidato. É preciso ter atenção aos detalhes para garantir um bom resultado.  A redação é uma dos testes mais importantes em todo esse processo e, por isso, deve ser levada muito a sério.

A preparação para prestar um concurso deve começar anos antes da publicação do edital. Estudar em casa garante bons resultados, mas um bom curso preparatório pode levar você muito além.

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